A adolescência em tempo de distanciamento – relato emocionado de uma mãe.

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Enquanto encarregada de educação, partilho um pequeno desabafo que , mui provavelmente, representará a inquietude de muitos adolescentes.

Esta vontade em partilhar o estado de alma da minha filha tem ocupado o meu pensamento tal uma brisa na Primavera! Embora esteja a falar da minha filha, esta partilha de emoções refere-se à maioria dos alunos do 9° ano de Freixo e não só!
Ela só conheceu o Agrupamento de Escolas de Freixo! Desde o Jardim de Infância, ela aprendeu a crescer, lidar com as frustrações e desilusões, acreditar em si própria, ouvir e a ser ouvida, respeitar e ser respeitada! Viveu todos os momentos do AEF com emoção e lealdade à sua escola.

Como membro desta família denominada Escola, ela cresceu feliz! Teve os melhores professores e não necessitou de frequentar uma escola privada, embora nós, seus pais, tenhamos abordado esta questão com ela. Ela não quis! E a resposta foi tão simples e tão genuína:

Eu sou feliz nesta escola!

Perante isso, e sendo o desejo de qualquer pai ver o seu filho feliz, deixámo-la onde ela sempre se sentiu em casa. E assim foi….caminhou, cresceu, fez-se moça e a nossa casa tem um brilho tão nosso graças a ela!
Momentos houve em que ela chorou, desiludida com alguns colegas e certas injustiças, mas o crescimento também necessita de frustração para distinguir o bem do mal, o certo do errado!
Momentos houve ( Muitos! Tantos!) em que ela sorriu e riu com os colegas, sentindo-se parte integrante da sua Escola.
Para ela, os seus professores são os melhores! Apenas falhou uma sessão síncrona, contrariada. Esta interação próxima e longínqua fê-la sentir-se aluna e assegurar alguma proximidade com os professores e a turma!

No final de cada sessão, os olhos sorriam!
Mas……. Tal como um castelo de cartas, alguns dos seus sonhos de adolescente foram violentamente destruídos e outros adiados.
Recentemente, passamos em frente à escola. Ela parou, olhou para os portões e começou a chorar! Naquele momento, uma jovem cheia de sonhos estava indefesa, com medo e tristeza! Abraçámo-la.
-” Não era suposto acabar assim! Nunca mais vou ver os meus colegas na Escola de Freixo! Não poderemos despedir-nos e chorar abraçados! Foram 9 anos! Não terei uma tee-shirt com as suas assinaturas e as dos professores! Não haverá fotografias!
Vivi muitas coisas com eles!
Tenho tantas saudades deles”.
Perante isso…… impotência!
Deixámos o seu coração chorar e continuou…
-“A nossa viagem a Paris foi adiada e nunca mais será igual. Nós seríamos os finalistas!
Não voltarei a comer o lanche que a D. Teresa e a D. Olga aqueciam!
Não voltarei a almoçar na cantina!
Não voltarei para casa na companhia dos meus colegas!”
Um marco da sua adolescência foi roubado e nada pode ser feito. Nesta fase, tudo é vívido com extrema intensidade e receio que esta ferida  deixe um vazio no seu coração!
Por isso, quando isto tudo passar, peço-lhe para não os esquecerem! Eles precisam, eles têm o direito de viver o que é deles! Imprescindível é eles acreditarem que os sonhos não foram aniquilados….apenas adiados!

Acredito que eles, os finalistas covid, jamais serão esquecidos e a casa chamada escola irá recebê-los, um dia, para proporcionar-lhes o que deles é de direito. Acredito que eles terão a oportunidade de serem e viverem o que sonharam, graças ao envolvimento de todos e à humanidade do Agrupamento de Escolas de Freixo.

Acredito porque assim educamos os nossos filhos….acreditar e nunca desistir.

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