20% da População global sofre de algum tipo de problema intestinal. O Dia Mundial da Saúde Digestiva, 29 de maio, serve para nos lembrarmos do quão importante é prevenir doenças do aparelho digestivo e preservar a saúde do mesmo!
Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, 20% da população global sofre de algum tipo de problema intestinal, 90% dos quais não consultam o médico.
Um dos problemas comuns é o refluxo..
Sabias que existe uma válvula à entrada do estômago? Quando funciona mal, os alimentos já misturados com os sucos ácidos do estômago podem subir para o esófago e causar dor ou sensação de queimadura. Podem manifestar-se ainda desconforto no peito, dificuldade em engolir/ sensação de caroço na garganta, inflamação das cordas vocais, tosse.. Qualquer pessoa pode sentir refluxo após uma refeição mais pesada ou condimentada, a chamada azia.
Obesos, grávidas e indivíduos com hérnia do hiato ou esvaziamento tardio do estômago têm maior risco de refluxo. O tabagismo e os hábitos alimentares que envolvem refeições pesadas e/ ou tardias, alimentos muito gordurosos, fritos ou ácidos, álcool ou café agravam o refluxo.
Assim, esta subida de conteúdo ácido vai danificando o interior do esófago e, com o tempo, pode originar úlceras!
Vamos aprender a reduzir ou, até, evitar o refluxo:
alimentação saudável
manter o peso ideal
refeições mais ligeiras, várias vezes ao dia
evitar álcool e tabaco
evitar fritos, picante, chocolate, café/ descafeinado, bebidas c/ gás, cebola, alho, tomate, frutas ácidas, pimenta e vinagre
não deitar logo após a refeição.
Também existem antiácidos para o alívio dos sintomas, que neutralizam a acidez do estômago.
E a moda do 0% lactose?! O movimento contra o consumo de leite, derivados ou alimentos à base dos mesmos, e até mesmo de medicamentos e/ ou suplementos contendo lactose?!
Afinal, o que é a intolerância à lactose (IL)..? É uma síndrome que cursa com sinais e sintomas digestivos após a ingestão de lactose, um açúcar exclusivo do leite. O problema é que, para ser absorvida, a lactose tem de ser transformada pela enzima lactase existente à superfície do intestino delgado. No caso de insuficiência de lactase, o açúcar sob a forma de lactose que não vai para corrente sanguínea passa inteiro para o intestino grosso, sendo convertido em gases e outros produtos pelas bactérias lá presentes, os quais, juntamente com a lactose, causam os referidos sintomas.
A causa mais comum é hereditária ou genética, na qual a produção da enzima lactase vai diminuindo com o envelhecimento. Daí os sintomas raramente aparecerem antes dos 6 anos.
A ausência de atividade da lactase ao nascimento é outro tipo de IL e é extremamente rara!
Existe ainda a deficiência de lactase em bebés prematuros (nascidos com 28 a 32 semanas), a qual melhora com o amadurecimento do intestino.
Para o diagnóstico da IL são muito importantes os sintomas e raramente necessários testes especializados. Pode testar-se o desaparecimento dos sintomas eliminando os alimentos com lactose (muita atenção aos rótulos) durante duas semanas. Sintomas graves necessitam de endoscopia; são eles: aparecimento após os 50 anos, sangramento retal, dor ou diarreia noturna, dor de barriga galopante, perda de peso inexplicável, febre, alterações nas análises ao sangue, como défice de ferro, história familiar de síndrome do intestino irritável ou cancro colorretal.
Na IL mais comum, a redução do consumo de produtos com lactose faz parte do tratamento – a maioria dos doentes podem ingerir ~250mL de leite sem sintomas e toleram bem queijo fresco em pequenas quantidades e produtos lácteos fermentados, como os iogurtes. A tolerância aumenta ainda se consumidos com outros alimentos ou de forma fracionada ao longo do dia, e diariamente. A lactose como aditivo de alimentos processados apenas deve ser fonte de preocupação para quem tolera quantidades muito pequenas! Assim como a lactose presente nos medicamentos.
ATENÇÃO! Os lácteos são importantes fontes de cálcio e vitamina D, proteínas, potássio, magnésio, entre outros.
Alternativas para quem sofre de IL são:
bebidas vegetais (contêm menos nutrientes);
lácteos com redução do teor de lactose;
suplementos de lactase, tomados antes da ingestão dos alimentos em causa;
probióticos produtores de lactase – Lactobacillus spp., Bifidobacterium longum ou animalis;
para os bebés com IL ao nascimento existem fórmulas sem lactose.
A avaliação médica é importante, mesmo na ausência de sintomas!