A Laura escreveu “A aluna quieta”, un conto de terror. Em versão bilingue

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Esta atividade de intercâmbio prevê a criação de contos em português e galego. Hoje publicamos mais um conto.

 

A aluna quieta

Helena é uma das miúdas mais conhecidas da escola, com uns olhos verdes lindíssimos, um longo cabelo castanho e uma pele que parecia neve. Discreta, nunca falava com ninguém, sempre sozinha onde quer que estivesse, até os professores evitavam perguntar-lhe coisas nas aulas. Parecia um fantasma. Um fantasma que atraía a atenção de todos.

É setembro e no início da escola temos sempre uma atividade especial. É a nossa forma de relembrar um terrível acidente que ocorreu muitos anos atrás. Pelo que me contaram, era um dia como qualquer outro até se ouvir um grito desesperado que ecoou pelos corredores. Toda a gente correu para as janelas para ver o que tinha acontecido. Todos puderam ver um corpo de uma aluna, envolto numa poça de sangue que se espalhava lentamente pelo alcatrão.

Segundo os detetives, a jovem atirou-se da janela, partindo o pescoço na queda, provavelmente ao bater num dos bancos de pedra que temos no exterior. Por isso, todos os anos nos vestimos de preto, dizemos algumas palavras e fazemos um minuto de silêncio.

Eu não gosto particularmente disto, sei que estou a desrespeitar a memória da miúda, mas isso já se passou há muitos anos. Por isso, fui para o terraço do edifício principal. Era um sítio calmo, ideal para respirar um pouco e organizar os meus pensamentos.

Quando me aproximo da enorme varanda sobre o campo de futebol, vejo Helena vestida de branco. Bem, provavelmente também não gosta muito da cerimónia. Curiosa, digo-lhe olá. No momento em que as palavras me saem da boca, atira-se. Do terraço.

Não se preocupem, isto está sempre a acontecer.

 

Tradução para galego

A aluna quieta

Helena é unha das rapazas máis coñecidas da escola, con uns ollos verdes lindísimos, un longo cabelo castaño e unha pel que parecía neve. Discreta, nunca falaba con ninguén, sempre soa onde queira que estivese, ata os profesores evitaban preguntarlle cousas nas aulas. Parecía un fantasma. Un fantasma que atraía a atención de todos.

É setembro e ao comezo da escola temos sempre unha actividade especial. É a nosa forma de lembrar un terrible accidente que ocorreu moitos anos atrás. Polo que me contaron, era un día como calquera outro ata que se escoitou un berro desesperado que ecoou polos corredores. Toda a xente correu ás fiestras para ver o que pasara. Todos puideron ver un corpo dunha alumna, envolto nunha poza de sangue que se espallaba lentamente polo asfalto.

Segundo os detectives, a moza tirouse da fiestra, rompendo o pescozo na caída, probablemente ao bater nun dos bancos de pedra que temos no exterior. Por iso, todos os anos vestímonos de negro, dicimos algunhas palabras e facemos un minuto de silencio.

Eu non gosto particularmente disto, sei que estou a desrespeitar a memoria da rapaza, pero iso xa pasou hai moitos anos. Por iso, fun ao tellado do edificio principal. Era un lugar tranquilo, ideal para respirar un pouco e organizar os meus pensamentos.

Cando me achego á enorme varanda sobre o campo de fútbol, vexo a Helena vestida de branco. Ben, probablemente tampouco lle gusta moito a cerimonia. Curiosa, dígolle ola. No momento en que as palabras me saen da boca, tírase. Do tellado.

Non vos preocupedes, isto está sempre a acontecer.

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