Parabéns aos Pais dos alunos do AEFreixo. Estão a fazer um trabalho fantástico com os filhos, os filhos voltaram à escola, mas a escola voltou diferente!
Sou mãe!
É por elas, pelas minhas filhas que eu me dirijo a ti, Corona!
Nunca falei de ti, pois a vida por si só é muito dura. O nosso quotidiano é muito difícil e assuntos há que não gosto de abordar, também eles muito duros.
Hoje, a vida mudou…
Crianças que viviam soltas lá fora, são agora os comandantes de casa, muitas vezes zangadas umas com as outras. Feitios diferentes, sentimentos distintos, formas únicas de expressão, elas, as minhas filhas, tanto estão frustradas, como apresentam uma energia inesgotável
Coronavírus… estavas tão longe de nós e de repente estás tão próximo. Mas fomos sensatos e colocámos a nossa família a salvo em casa, tal como todas as famílias. Pelo menos, fazemos tudo o que está ao nosso alcance para isso.
Elas, as minhas filhas, sabem que tu és muito perigoso. Elas têm consciência do perigo e tentam viver da melhor forma possível. Nós, pais, vamos à luta todos os dias, vivemos a vida com rotação a mil, fazendo tudo para que nunca falte nada em casa, tal como todas as famílias fazem.
Neste momento, o mundo praticamente parou, o planeta terra está numa luta de salvamento global. Parece que estamos num abismo à beira da rutura. Tu és o abismo.
Estamos num barco, com os remos a desejar salvação, voltar à normalidade.
Tínhamos uma vida tão bonita e nem sempre lhe dávamos o seu devido valor.
Apesar do perigo e vivermos assutados, temos de trabalhar. Quando regresso a casa, encontro-a às avessas, e lá estão elas todas revoltadas por viverem confinadas a um espaço, mas salvas desta loucura.
Não sei como será o nosso futuro, mas espero que voltemos à nossa rotina e tenhamos esperança e fé em Deus. Que Ele nos ilumine, nos dê a graça da cura e nos abra o coração para o mais importante que é viver.
Não sei o que nos reserva o futuro.
Sei que as minhas filhas anseiam por ter a liberdade para voltarem para a escola, correrem, verem os avós e respirarem de alívio.
É o desejo de todos nós.
Custa muito sentir este vazio na alma que me impede de sentir e de respirar. Vivo sufocada quando penso nas consequências de isto tudo e vejo as minhas filhas assim. Nesta crise humanitária, ninguém escapa: ricos, pobres, católicos, judeus, muçulmanos. Estamos todos no mesmo barco. Ninguém escapa, nem as pessoas presunçosas que achavam que eram superiores a tudo e a todos.
A vida é um sopro.
Tenhamos coragem e lutemos para um amanhã cheio de amor e diferente.
Um abraço da Mãe Fátima