Todos sabemos algo sobre o Holocausto, sobre a segunda Guerra Mundial. Seja por causa dos campos de concentração, por Adolf Hitler ou pelos Nazis. Se calhar foram os filmes ou Anne Frank. Quem sabe mesmo pelos milhões de Judeus mortos nas batalhas?
Mas e os portugueses? Estiveram envolvidos? O que fizeram?
Antes de tudo, é necessário sabermos que Portugal não participou diretamente nesta guerra. Alinhámos com algumas decisões, no entanto. Deixamos de dar vistos a Judeus, mas isso não nos afeta certo?
Bem… a ti e a mim, na altura em que vivemos… não. Mas afetou muitos Judeus ou mesmo emigrantes, que viviam fora e que queriam voltar para Portugal, ou mesmo fugir para cá.
Isto fica para outra história… mas há um pensamento que não nos larga. E os portugueses lá fora, que foram presos, mandados para campos de concentração e que não conseguiram escapar? Vamos falar de um caso entre muitos, infelizmente:
Casimiro Martins (1906-1944)
Um construtor de nacionalidade portuguesa que decidiu ir com o seu irmão para lá dos Pireneus, queria ir para a França. Infelizmente, teve muitos problemas. Era suspeito de ter ajudado a Resistência Francesa (inimiga dos alemães).
Os alemães não acharam nada piada a isto e enviaram-no para o campo de concentração de Neuengamme, onde viria a morrer com apenas 38 anos, em 1944.
No entanto, entre esta gente, havia esperança de um mundo novo, de uma saída destes “campos da morte” e do trauma, choro e morte que pairavam no ar. Gente que pode ter sido aquele 1% de milhões, mas que escapou.
Hoje vamos falar de Marriet (Maria) Barbosa. A limiana que sobreviveu e ultrapassou não um, não dois, mas três “infernos”!
Marriet (Maria) Barbosa (1922-2008)
Mariette Barbosa, mais conhecida como Maria, nasceu em Vilar das Almas a 23 de fevereiro de 1922. A sua estadia em Portugal não durou muito, ainda uma criança, ela e a sua família emigraram para a França, tal como muitos outros portugueses.
Tudo começou bem… a trabalhar numa cozinha e a servir às mesas, o que pode correr mal. Bem, quase tudo para esta senhora. Denunciada com apenas 21 anos, Maria foi presa pelos alemães, pois tal como no caso referido anteriormente, era suspeita de ter colaborado com a Resistência Francesa.
Foi levada para o seu primeiro campo de concentração. Depois, limitou-se a saltar de campo em campo. Começou em Ravensbrück, depois passou para Neuengamme, para acabar em Bergen-Belsen.
Maria diz que viu muita gente morrer, que tiveram de carregar os cadáveres e era normal que mãos e braços ficassem presos aos que os carregavam, os corpos estavam podres e num avançado estado de decomposição.
Viviam em péssimas condições. Eram entalados em pequenas camas, não comiam e trabalhavam como escravos, mas havia uma luz para os sobreviventes. Após a Guerra, os presos foram libertados e com eles Maria. Ainda não havia uma liberdade para se expressarem por completo. Todos tinham medo que as mulheres dessem com a língua nos dentes.
Marriet via-se no meio de uma família que não conhecia, mas que a acolheu. Estava grata, mas esta não tinha a ver nada com a sua família real.
Penso que após estar em vários campos de concentração desde 31/01/1944 a 17/05/1945, qualquer companhia fora daquelas salas de pânico era o paraíso. Se queres saber, sim, reencontrou os pais, mais tarde.
Maria, é apenas um de muitos casos, mas esteve calada por 40 anos, com medo de trazer de volta à sua vida o nazismo, os campos e os tiros, as câmaras de gás, os mortos e a fome. No seu leito de morte, pediu ao seu marido que contasse a sua história e é graças a ela que temos esta magnífica história de vida.
Faleceu na França, já de velhice a 16 de junho de 2008, tinha 86 anos.
Sofia Vieira, 7.º A