Hoje ficamos com o texto de Joaquina Silva, nascida em 1742, ou melhor, a Miriam do 8B.
O relato de mais um dia como tantos outros que acaba por ficar para a História como um dos mais negros da cidade de Lisboa.
O Terramoto de Lisboa de 1755
Conselhos de boas práticas de segurança antissísmica
Olá! O meu nome é Joaquina da Silva e nasci em 1742. Hoje vou partilhar convosco, o
momento mais assustador e horrendo da minha vida! Estávamos em 1755, tinha 13 anos
e vivia em Lisboa.
Era dia 1 de novembro, acordei pelas 6:30h da manhã, não era um dia comum aos
outros, muito pelo contrário, era o Dia de todos os Santos. Depois de acordar, dei os
bons dias aos meus pais e aos meus cinco irmãos. Logo de seguida, fui até ao campo
para dar de comer às vacas e aos porcos! Sabia que não me podia atrasar, pois ainda
tinha de voltar a casa, vestir a minha roupa do domingo para ir à missa! Esta durou mais
de uma hora, com direito a procissão de velas e tudo! De regresso a casa, voltei a vestir
a roupa da faina.
Estava no meu quarto, quando me pareceu ver o meu candeeiro mover-se. Fiquei
sentada a olhar para ele, para ver se era apenas impressão minha ou se era mesmo
verdade! Os meus pais e os meus irmãos começaram a gritar. Sentíamos que algo de
terrível estava a acontecer. As paredes começaram a abanar, os pratos caíam da estante.
O chão tremia tanto que mal nos aguentávamos em pé! Sentia-me como daquela vez
que assaltei a pipa de vinho do meu avô! Na verdade, estava tudo a ser destruído pela
violenta força de um terramoto. Fomos lá para fora, mas assim que saímos voltamos a
entrar! Tudo à nossa volta estava a cair: casas, igrejas, pontes. Até vi pessoas a serem
completamente esmagadas pelos prédios, foi terrível! Ao longe, vimos o convento do
Carmo e da Trindade a ruírem e palácios a serem devorados pelas chamas. Cheira-me
que no futuro, sempre que acontecer uma situação catastrófica, as pessoas vão gritar:
“Até caiu o Carmo e a Trindade!”
A nossa casa estava a começar a desabar. Então a minha família e eu decidimos fechar-nos na nossa pequena cave, onde guardávamos as batatas. Algumas pessoas fugiram
para o mar a pensar que seria mais seguro, mas enganaram-se, pois, houve também um
tsunami que ajudou a destruir ainda mais a cidade. Passado algum tempo, os tremores
acalmaram. Assim que saímos da cave só se viam mortos e feridos por todo o lado. Acidade estava toda destruída e ouviam-se gritos de desespero debaixo dos escombros.
Eu e a minha família ajudávamos quem podíamos.
Felizmente, o nosso primeiro-ministro, o Marquês de Pombal, não esperou nem um
segundo! Começou a ordenar que os mortos, que eram cerca de 10.000, fossem
enterrados e que os feridos que eram incontáveis, fossem socorridos. Ordenou também
que todos os palácios, igrejas e conventos ou o que restava deles, pois cerca de 55
conventos, 35 igrejas e 33 palácios foram destruídos, fossem vigiados para evitar que as
riquezas fossem roubadas. Finalmente, planificou cuidadosamente a reconstrução da
cidade. Para isso, entregou este trabalho ao engenheiro Manuel da Maia e aos
arquitetos Carlos Mardel e Eugénio dos Santos. Juntos pensaram na melhor solução para
a cidade. Fizeram logo uma planta para a sua reconstrução: começaram por fazer as
avenidas mais largas, para facilitar a circulação de carros de cavalos, alternando com
ruas mais estreitas. Depois, trataram da construção de passeios para peões, assim como
da distribuição dos ofícios por ruas, para facilitar o comércio; da instalação de uma rede
de esgotos; da construção de casas com a mesma altura e com fachadas iguais e, por
fim, da construção de uma grande praça central. Para isso utilizaram técnicas de
construção mais resistentes aos sismos. Assim, o nosso primeiro-ministro reconstruiu
uma cidade nova e mais segura. Desde então, não vivemos um terramoto de tal
gravidade.
Espero que não tenham ficado assustados, com a minha história ! Para o caso de
algum dia, vos acontecer isto, não façam como eu, não se enfiem numa cave! De
preferência devem respeitar as seguintes regras: se estiverem num dos andares
superiores de um edifício, não se precipitem para as escadas; nunca utilizem os
elevadores; abriguem-se no vão de uma porta interior, nos cantos das salas ou debaixo
de uma mesa ou cama; mantenham-se afastados de janelas e espelhos; tenham cuidado
com a queda de candeeiros, móveis ou outros objetos; se estiverem num local com
grande concentração de pessoas, fiquem dentro do edifício, até o sismo cessar. Saiam
depois com calma, tendo em atenção as paredes, chaminés, fios elétricos, candeeiros e
outros objetos que possam cair; não se precipitem para as saídas. As escadas e portas
são pontos que facilmente se enchem de escombros e podem ficar obstruídos por pessoas que tentam deixar o edifício; nas fábricas, mantenham-se afastados de
máquinas que possam tombar ou deslizar.
Miriam Bastos nº 17 8.º B