Era uma noite escura e sombria como todas as noites em Brooklyn. As ruas estavam vazias e só se via ao longe um sinal luminoso de um café num ghetto sem saída a dizer “Open”. Aquele lugar tinha tudo para ser um lugar perigoso, mas para a rapariga de cabelo preto, lugares perigosos não equivalem a perigo iminente. Entra, senta-se e pede um copo de whisky. O garçon fixa-a durante alguns segundos, mas logo lhe serve o seu copo. Ela bebe, empurra o copo para a outra ponta do balcão, faz-lhe sinal para que o volte a encher e enquanto espera, observa o lugar.
Do lado de fora do café, ouve-se a sirene de um carro da polícia. O silêncio paira até que o garçon decide começar a fazer perguntas às quais a rapariga não responde. Depois de alguns copos, a rapariga levanta-se, atira umas notas para o balcão e dirige-se até à porta. A poucos passos da saída, alguém a agarra pelo braço, encosta a boca ao seu ouvido e segreda-lhe que adorava que ela voltasse a não lhe responder às perguntas, num outro dia. Ela vira-se, dá-lhe um beijo e continua o seu caminho até à porta.
Dias depois, a rapariga volta ao café. Entra e não tem tempo de sentar, nem de pedir um copo, pois ao seu lado já estava o garçon com dois cocktails azuis. A rapariga sorri, agarra o copo e juntos brindam ao amor. Não parece possível que uma relação entre duas pessoas que mal se conhecem possa dar certo. Mas para ambos tudo parecia normal. Passeiam pelas ruas perto do café quando dois policias os mandam parar. Um deles pede para falar com o rapaz e o outro com a rapariga. O rapaz estava calmo e sereno, mas ela parecia bastante nervosa. O interrogatório do rapaz é bastante rápido e as perguntas lógicas e fáceis de responder. Pelo contrário, o interrogatório da rapariga é bastante demorado e pelas suas feições as perguntas bastante difíceis. No final, o polícia despede-se dela com um aperto de mão e entrega-lhe três folhas. O rapaz pergunta-lhe o que está escrito as folhas, mas ela apenas diz que a queriam na esquadra noutro dia.
O habitual silêncio entre os dois transformou-se num barulho de imensas sirenes. Aquelas ruas começaram a tornar-se apertadas e por isso decidem continuar o seu passeio para fora de Brooklyn. Faz-se tarde e acabaram por jantar juntos. De noite, caminharam até ao hotel onde a rapariga estava hospedada, sobem a enorme escadaria, caminharam até ao quarto de hotel, entram e . . . ouve-se o barulho de um corpo a cair e pouco tempo depois o barulho de sirenes.
O rapaz acorda atordoado no dia seguinte, numa cadeira pouco confortável. Já não está no quarto de um hotel, mas sim no que parece ser uma sala de interrogatórios de alta segurança. A poucos metros dele, uma rapariga de cabelo loiro. O rapaz reconheceu-a de qualquer lado, mas isso agora não lhe interessava. Pergunta onde está e como foi ali parar. A rapariga de cabelo loiro aproxima-se e diz:
– Estás num interrogatório. Sabemos que és o ladrão de Brooklyn e que andavas escondido naquele café.
-Como conheces o café? Tu… és a rapariga de cabelo preto? Pensei que te conhecia. Pensei que se alguma vez descobrisses a verdade continuarias comigo porque o amor era recíproco. Mas. . . afinal será que te conheço?
– Tu conhecias a misteriosa rapariga de cabelo preto, não a agente da polícia Nº 132.
Leonor | Jéssica | Ana Rita| 7ºD
MIcrocontos de Ficção: O Testamento [7]
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