Por vezes, há trabalhos que se julgavam por perdidos e que um dia aparecem, como que por milagre, numa qualquer pasta. Os alunos do 9.º ano escreveram estes microcontos, ainda andavam no 7.º, a experimentar novas formas de escrita. Desconcertantes, por vezes. E assim decidimos abrir mais uma minissérie, intitulada Microcontos de Ficção.
Levar a coisa a peito
É sexta feira, dez e meia da manhã. John está sentado na biblioteca do liceu, no bairro operário, em Londres. De tempos a tempos, olha para a funcionária e para a porta de entrada. Parece ansioso. Observa cada uma das pessoas que entram, à espera de ver quem anda a ler o seu livro. Ninguém parece corresponder à imagem de um leitor de livros de crime com quem ele andava a trocar mensagens em marcadores de livros.
A mesa onde está agora sentado fica num local longe dos olhares curiosos. John está extremamente nervoso, as mãos transpiradas e a sua cabeça não para de pensar se o seu correspondente vai aparecer para poderem conversar. John está prestes a desistir quando surge um rapaz alto, com um olhar decidido e que corresponde por inteiro ao retrato que John idealizara. Levanta-se e dirige-se-lhe, hesitante.
– Desculpa. És tu quem… – John ensaia a pergunta, mas é interrompido.
– Sim, sou eu – disse-lhe ele grosseiramente, enquanto atirava um livro para cima da mesa. – Demoras sempre uma eternidade a entregar o raio do livro!
Sentaram-se. O ambiente está tenso entre os dois. À sua volta, não se ouve um único ruído. O rapaz em redor para ver se alguém o está a observar. De seguida, abre o saco e tira aquilo que parece ser uma mão humana. Após breves segundos, cobre-a com um pano.
– Está feito, já temos a última peça! – diz John, satisfeito.
Agora estão na sala, os corpos dissecados abertos para se ver o seu interior, frascos de produtos químicos organizados. Passado alguns minutos de barafunda, todos se calaram e a aula começa.
– Hoje, como tinha avisado, é a apresentação de ciências – disse a professora sem paciência, depois de acalmar todos dentro da sala. – John e Jake, podem começar.
A excelente qualidade das partes de corpos apresentados foi a razão da excelente nota que os dois tiveram no final da apresentação.
Luna e Pedro 9A
Microcontos de Ficção: ” O Bombeiro do ano” [2]
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