Uma tortura sem fim

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Estou no barco que me leva até minha nova terra: Brasil. Eu venho de África, de uma terra chamada Benguela, perto do mar e com muita vegetação.

Vivia feliz junto dos meus, comíamos o que a terra e o mar nos davam, mas um dia tudo mudou.
De repente, homens armados surgiram e o pânico instalou-se, começamos todos a fugir, mas os invasores tinham cercado a aldeia. Foi impossível escapar.
Senti uma corda ao pescoço, fui arrastado para longe e eu só pensava na minha família. De seguida fui agrilhoado juntamente com os outros, eu conhecia-os todos, eram os meus amigos.
Meteram-nos num barco imundo, malcheiroso e atiraram-nos para o fundo como se fossemos animais. Os dias passavam, o medo e a dor iam crescendo. A fome era cada vez mais e a sede tornou-se o nosso maior problema. Muitos homens e mulheres morriam por doença e desespero.
Um dia o barco parou e um homem aos gritos obrigou-nos a sair rapidamente; fiquei esperançoso, iria ver a luz do dia! Levaram-nos para um sítio onde nos expuseram, apalparam e ainda analisaram os nossos dentes. Eu fui levado por um homem branco, muito gordo, com um chicote na mão direita e que me empurrava com a outra.
Andei durante horas e horas com os pés ainda atados, preso ao cavalo do homem pelo pescoço, sofrendo fortes chicotadas em todo o lado.
Não sei para onde ia, mas em cada passo que dava eu só pensava: “Um dia serei novamente livre”.
Lea 8.ºC

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